Rodrigues assistia às técnicas na web para que a mãe acertasse seu corte
Com 17 anos e a própria barbearia, Vítor Hugo Rodrigues se inspirou na internet para desenvolver suas técnicas
Com 17 anos, Vítor Hugo Rodrigues é a prova de que não existe idade e nem fonte de inspiração certa para começar a empreender. Com a sua própria barbershop, ele se divide entre os estudos, o lazer e o trabalho. A profissão de Rodrigues já estava no sangue, uma vez que Gisele Rodrigues, mãe do rapaz, é cabeleireira. Mas foi pela internet que ele desenvolveu suas técnicas.
"Sempre fui chato com o meu cabelo. Então, para entender o penteado que eu queria, assistia tutoriais no YouTube e explicava para minha mãe. Foi dessa maneira que acabei começando a me interessar também", conta.
Após o gatilho gerado na web, resolveu investir em cursos sobre práticas de corte de cabelo e barba para aprimorar o que havia aprendido nas plataformas digitais. Ainda assim, o adolescente confessa que a experiência com os vídeos foi mais rica que as aulas presenciais.
Com as técnicas absorvidas, Rodrigues começou a atender a domicílio. Como o dinheiro das passagens de ônibus foi ficando maior que o lucro do serviço, ele desistiu de ir à casa dos clientes e estabeleceu um ponto fixo.
Agora, ele trabalha religiosamente de segunda a sexta-feira, das 13h30min às 18h, e aos sábado, das 8h30min às 12h30min. A barbearia fica na rua Umbú, nº 701, no bairro Passo d'Areia, em Porto ALegre, onde divide espaço com a gráfica do pai, Evandro Rodrigues.
O dinheiro da Vítor Hugo BarberShop cobre todos os gastos pessoais do menino. E o pai, todo orgulhoso, conta que é o guri quem paga a quadra dos jogos de futebol da dupla. "Um dia eu cheguei para pagar e o Vítor não permitiu. Ele mesmo abriu a carteira e pagou para nós dois", lembra o pai.
Mesmo com o sucesso profissional precoce, a escola segue como prioridade. Rodrigues, que está no último ano do colégio, já recebeu propostas de sociedade para abrir um espaço maior e só dele.
O pai, porém, barrou a ideia temporariamente. "Ele só vai ter o espaço dele depois que se formar no colégio. Se ele começar a trabalhar em turno integral e ganhar mais dinheiro vai desistir de estudar", receia.
Para se virar com os trabalhos e as provas da escola, o barbeiro aproveita os momentos de folga entre um cliente e outro e usa os computadores da gráfica para as pesquisas ou formatação dos deveres.
E, para se manter na rotina de trabalho, ele ainda teve de aprender a deixar de lado algumas atividades típicas da juventude. Durante a entrevista, enquanto cortava o cabelo de um amigo, Rodrigues era questionado sobre sua participação na partida de futebol de sábado pela manhã com a turma. Com firmeza, o rapaz respondeu que não estaria disponível até o turno da tarde, quando enfim a barbearia fica fechada.
"Meus amigos, às vezes, incomodam por isso. Mas se o cliente vier aqui e o meu espaço estiver fechado, ele vai procurar outro lugar", afirma Rodrigues.
Apesar de ser especializado em tendências de cortes masculinos e barbas modernos, o seu maior público prefere o estilo tradicional. "Normalmente, os cortes modernos são feitos pelo pessoal mais novo", conclui, a partir da experiência e o contato diário com a clientela. O negócio atende, prioritariamente, homens e crianças sem a opção de serviços femininos.
Assim como fez quando aprendeu, é pela internet que Rodrigues divulga os seus feitos. Através de sua página no Facebook, publica fotos dos cortes que executa e detalha os métodos, além de mostrar o "antes e depois" de alguns casos. Tudo compartilhado com hashtags e emojis.
Para o futuro próximo, o jovem empreendedor pretende terminar o colégio e continuar firme na profissão.
É provável que consiga, inclusive, colocar em prática os planos de ter um ambiente independente. "Eu gosto muito do que eu faço e pretendo continuar me especializando cada vez mais."
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