Bakas faz cerca de 200 palestras por ano e seus livros venderam 500 mil cópias
Nascido no Suriname, de origem indiana e morador da Holanda. Essa vivência em diversos continentes ajudou Adjiedj Bakas, 46 anos, a entender o mundo. Mas Bakas volta seus olhos para o futuro, afinal ele é um trendwatcher. Faz análises e monitoramento de macrotendências, coordena pesquisas e acompanha estudos.
Bakas estima fazer 200 palestras por ano, e seus livros venderam 500 mil cópias. No dia 19, ele será um dos principais nomes do 11º Congresso Internacional da Gestão do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade, na Fiergs, em Porto Alegre. Em entrevista por e-mail a ZH, ele mostra sua visão do futuro econômico.
Próximo passo tecnológico
"Esta é a quinta depressão nos últimos 200 anos. Sempre vem com uma mudança na liderança econômica e no desenvolvimento tecnológico. A depressão dos anos 1980 ajudou a criar a era do computador pessoal, do celular e da internet. A dos anos 1930 ajudou a criar a era do carro, do rádio e do telefone. A de agora será a da nova energia, de tecnologias verdes, da produção entre consumidores (C2C), da inteligência artificial e das ciências da vida. Nós, como humanidade, precisamos de uma crise profunda como esta para nos ajustar para o próximo passo tecnológico.”
O futuro da Europa
“O Estado de bem-estar dos países europeus é cancerígeno. Não vai durar. Inevitavelmente levará ao fim do euro como nós o conhecemos. A crise também apressa o recuo dos EUA. Mas não subestime os Estados Unidos. Vão continuar uma grande potência no século 21, e a aliança China-EUA se tornará mais poderosa.”
A China verde
“A China vermelha está se tornando rapidamente a China verde. Já há 100 milhões de bicicletas elétricas rodando lá. Há cinco anos, não havia nenhuma. Eles são o único povo que realmente quer uma economia sustentável, porque são o único povo que viveu mais de 6 mil anos no mesmo solo, que é sagrado para eles.”
Nova ordem econômica
“Vejo quatro mundos. O primeiro consiste nos países ricos, como os EUA e os europeus. O segundo, das potências emergentes, como China, Brasil e Índia. O terceiro, dos tigres em rápido crescimento, como Turquia, Emirados (Árabes Unidos), Chile e Indonésia. O quarto, dos perdidos, como Somália, Afeganistão e Paquistão. O segundo mundo precisa ajustar suas políticas. A bolsa brasileira, por exemplo, superaprecia o valor das companhias.”
Futuro do capitalismo
“A administração da ganância será um assunto grande nos próximos anos. Trará uma legislação mais severa, em especial nos EUA. O governo Obama fez alguma coisa boa, mas não o suficiente. O setor financeiro, o motor do mundo econômico, vai continuar frágil. A próxima fase do capitalismo será tão dura como as anteriores. A história nunca foi justa, nem o futuro será. Capitalismo é essencialmente humano, nenhuma alternativa funcionou.”
O papel do Brasil
“A economia brasileira tem o potencial de ser uma das seis maiores no mundo. Mas os brasileiros devem estar cientes de que isso causará inveja e criará inimigos. O Brasil deveria copiar o modelo chileno, hoje a melhor economia nas Américas. Deve atacar a pobreza, proteger as florestas e fazer bons negócios com os recursos naturais.”
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